Hypercubes: uma ideia brasileira que chegou no espaço

Luís Felipe Neiva Silveira
4 min readSep 17, 2019

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Algumas ideias são tão grandes que vão longe e chegam até o espaço. É o caso da Hypercubes, a startup que propõe revolucionar o modo como enxergamos a agricultura e busca trazer novas perspectivas para o futuro — inclusive a de acabar com a fome. Isso é enorme e por isso apostamos nela.

Erradicar a fome é o segundo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluso na agenda definida pela ONU. De acordo com o relatório atualizado da Organização de Alimentação e Agricultura, mais de 820 de milhões de pessoas não possuem comida suficiente hoje em dia. Esse problema antigo e ainda sem solução é o principal desafio da Hypercubes.

Espaço: uma oportunidade para crescer

A Hypercubes foi criada pelo brasileiro Fábio Teixeira, que se considera uma pessoa “altamente motivada à procura de pessoas mais motivadas para impactar o mundo positivamente”. A startup nasceu na Singularity University, localizada no Vale do Silício. Ela é considerada o berço das ideias mais inovadoras e um dos lugares mais inspiradores para quem trabalha com tecnologia.

Fábio chegou lá através de uma competição de software, na qual ele disputou com outros 250 participantes e ganhou uma bolsa integral para dez semanas de estudos na universidade em um programa especial da NASA, a agência americana espacial. Lá, ele se apaixonou pelo espaço. “O espaço é um lugar difícil, que oferece muitos desafios, mas muitas oportunidades para se fazer coisas nunca antes feitas”, comenta ele.

A ideia deu tão certo que chamou a atenção de gigantes como o empreendedor Beto Sicupira, considerado o quarto homem mais rico do Brasil. A Hypercubes surfa em um momento muito oportuno onde a mesma onda tecnológica que está deixando os celulares cada vez menores também chegou nos satélites.

Para se ter uma ideia, um mini-satélite pesa entre 100 e 500 kg, enquanto os nanosatélites chegam a pesar entre um e 10 kg. Eles possuem o tamanho aproximado de uma caixa de sapato e custam muito menos que os satélites padrões, o que torna a startup sustentável no mercado.

“É um novo nível de informação que estamos levantando, que pode levar a produção de comida para o estado da arte”, diz Fábio. O fundador possui em mente um dos problemas mais antigos e dolorosos do mundo: a fome. “Esse é um problema que nas próximas duas décadas temos que enfrentar. Em 2050 teremos 10 bilhões de pessoas no planeta e vamos precisar produzir mais comida nas próximas décadas que nos últimos 10 mil anos juntos”.

Como funciona o mapeamento de dados?

Atualmente a Hypercubes possui seu próprio laboratório em São Francisco (EUA), com uma equipe de engenheiros trabalhando no desenvolvimento do primeiro satélite que deverá ser lançado nos próximos meses.

É através de imagens hiperespectrais que os nanosatélites capturam informações vitais para análise. Essa tecnologia permite que eles processem informações de todo o campo eletromagnético, em cada pixel de imagem, identificando materiais e composições do solo. Para quem produz alimentos, por exemplo, os dados levantados pelos nanosatélites vão ser extremamente úteis.

As informações processadas através de machine learning vão ajudar agricultores a verificar se o solo está pobre em nutrientes ou até mesmo identificar espécies invasoras e pragas, por exemplo. “Com isso seremos capazes de identificar os fenômenos no dia em que eles acontecerem; não um ou dois meses depois, quando já conseguimos ver a olho nu e o estrago foi grande e correr o risco de perder toda uma lavoura”, afirma o fundador da Hypercubes.

Os frutos da Hypercubes no Brasil e no mundo

Em dezembro deste ano, cerca de 4.600 lavouras do Paraná serão as primeiras a receber os testes do satélite. “A ideia é produzir um case de como produzir mais alimentos com menos recursos e menos impacto ambiental”, explica Fábio. Essa fase é primordial para ter sucesso assertivo na futura implementação em outros países.

A Hypercubes é um exemplo de que as empresas podem ser agentes de mudança para problemas atuais da sociedade. Quando desenvolvidas com o propósito certo, elas deixam de ser apenas geradoras de lucro e passam a assumir responsabilidades sociais. “Precisamos pensar no futuro muito próximo em que seremos 10 bilhões de pessoas no planeta, então precisamos quantificar recursos naturais como comida, energia e impacto do ser humano no meio ambiente”, diz o fundador.

A tecnologia desenvolvida pela Hypercubes é um investimento voltado à sociedade. Já é possível prever parcerias com governos de diferentes localidades e instituições públicas, no Brasil e mundo afora. O trabalho da Hypercubes pode ainda ajudar no acompanhamento e prevenção de desastres ambientais. É a definição perfeita de tecnologia a favor do ser humano.

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Luís Felipe Neiva Silveira

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